Investigações apuram compra de apoio político
para formação de coligação nas eleições presidenciais de 2014. Executivos do
grupo J&F relataram propina de R$ 110 milhões a Aécio. Advogado do tucano
diz que empresa fez doação legal à campanha.
Deu no G1 - Equipes da Polícia Federal e do Ministério Público
Federal cumprem, na manhã desta terça-feira (11), mandados de busca e apreensão
em imóveis do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e da irmã dele, Andréa Neves, no
Rio e em Minas Gerais.
Há equipes
ainda em endereços dos deputados federais Paulinho da Força (SD-SP), em São Paulo. São investigados na ação, também, os
senadores Agripino Maia (DEM-RN) e Antonio Anastasia (PSDB-MG) e os deputados
federais Benito da Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).
Além dos
políticos, as buscas miram empresários que, afirmam promotores, emitiram notas
fiscais frias para Aécio. A PF chegou a solicitar buscas em imóveis de Maia,
Cristiane e Benito, mas os pedidos não foram aceitos pelo ministro Marco
Aurélio Mello.
Segundo a PF,
o senador Aécio Neves comprou apoio político do Solidariedade, por R$ 15
milhões, e empresários paulistas ajudaram com doações de campanha e caixa 2,
por meio de notas frias.
Propina de R$ 110 milhões
A procura de
documentos faz parte de operação baseada em delações de Joesley Batista e
Ricardo Saud. Os executivos do grupo J&F relataram repasse de propina de
quase R$ 110 milhões ao senador Aécio Neves.
Suspeita-se que os valores eram
recebidos através da simulação de serviços que não eram efetivamente prestados
e para os quais eram emitidas notas fiscais frias.
A Operação
Ross cumpre total de 24 mandados de busca e apreensão em oito estados e no
Distrito Federal. São investigados os crimes de corrupção passiva, organização
criminosa, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
A defesa do
tucano, em nota, considerou a medida "desnecessária"
(veja abaixo).
Agentes
estão em prédio de luxo na Avenida Vieira Souto, em Ipanema, Zona Sul do Rio,
onde o senador e deputado federal eleito tem residência. Equipe também está em
um imóvel em Copacabana, também na Zona Sul carioca, de Andréa.
A PF só conseguiu entrar às 7h10 no apartamento
atribuído a Aécio no Rio. Há buscas em endereços ligados a Aécio e à irmã dele em
Minas Gerais e em imóvel de Paulinho da Força em SP.
Andréa é considerada operadora do senador nas
investigações da Lava Jato. Ela
foi presa pela PF em maio de 2017 e foi solta há um ano,
por decisão do ministro Marco Aurélio Mello.
![]() |
Agentes da PF chegaram
por volta das 6h em imóvel de Aécio Neves na Zona Sul do Rio — Foto: Reprodução
/ TV Globo
O que dizem os envolvidos
O G1 está
tentando contato com a defesa de Cristiane Brasil e ligou para o telefone do
deputado Paulinho da Força por volta das 7h15. Ele atendeu, mas desligou.
Alberto Zacharias Toron, advogado de Aécio, emitiu
nota. "O senador Aécio Neves sempre esteve à disposição para prestar todos
os esclarecimentos necessários que mostrarão a absoluta correção de todos os
seus atos", afirma.
"É
preciso que se esclareça que os recursos referidos pelos delatores da JBS agora
como propina são as contribuições eleitorais feitas à campanha do PSDB em 2014
e devidamente registradas na Justiça Eleitoral", prossegue.
"Somam-se a esses valores
contribuições legais feitas a outros partidos políticos. A medida é, portanto,
desnecessária já que o Senador é o maior interessado no esclarecimento de todos
os fatos", emenda.
Nenhum comentário